Primeiro acto de amor
Primeiro acto de amor
Cândido
Meu Deus, com que emoção teu corpo ardia,
Queimando os teus resquícios de pudor,
Naquele teu primeiro acto de amor
Que por nossa vontade acontecia.
Meu corpo no teu corpo se cingia...
Eu era o colibri tu eras flor,
Num supremo prazer que afoga a dor,
Teu estro virginal se despedia.
No lençol de brancura imaculada,
Ficou a mancha rubra delicada,
Do sangue, dum cetim que se rasgou.
E ha-de haver ecoando no universo
O som apoteótico dum verso,
Que a alma do poeta declamou.
Cândido