Ouçam esta criança

OUÇAM ESTA CRIANÇA!

Cândido

Nas mãos, tenho a leveza da ternura,

Na pele, sinto a falta de carinho,

Ainda tenho a alma como arminho,

Sou um resto de amor, de alguma jura.

Na boca, tenho a fome negra e dura,

Moro na rua, como um cachorrinho,

No peito tenho medo, estou sozinho,

No coração, a sombra da amargura.

Ah! Mundo tão cruel e tão impuro,

Ainda sou a flor do teu futuro

Mas sinto um pesadelo de gatilho.

Ó Homem que ainda crês em algum Deus,

Eu sou um dos mortais pecados teus,

E, quer queiras ou não, eu sou teu filho!

Cândido

Cândido
Enviado por Cândido em 10/11/2009
Código do texto: T1915502
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