DESNUDA

 
Durante tanto tempo desejei tocar-te
A fim de libertar a alma do delírio
De supor ser em tuas mãos frágil lírio
E dessa incongruência tão absurda de amar-te!
 
Os meus segredos mais obscuros revelar-te
E quebrar a imagem de santa no círio!
Não temer, se no calor, despudor crio
Poderosa leviandade, enfim, mostrar-te!
 
Ah, quem será a boneca tecida na arte
Dos versos melodiosos e desditosos?
Mas, no íntimo desprezíveis e escabrosos
 
Vênus resplandecente às sombras de Marte!
Enlevada em sonhos de pelo amor curar-te
Sem ater-se seguir os abismos espinhosos!