BICHO-AMOR

BICHO-AMOR

Carmo Vasconcelos

Há uma dor perfurante no meu peito,

Urze que fere mas não deita sangue,

Verme oculto o bebe e me deixa exangue,

Ao nutrir-se de insónias no meu leito.

Bicho-amor, insistente na porfia,

Mói-me as entranhas quando desatina,

Meus nervos dana, minhas forças mina,

E ao mesmo tempo é bem que acaricia.

Tento acalmá-lo com a voz de quem

De longe rasga versos escarlates,

Mimos d’enlace em rendas de açafates...

Mas pede mais... Voraz, não se contém!

Devora-me alma e sangue e não fraqueja,

Na gula desse par-amor que almeja!

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17/Dezº/2008

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In E-Book "Sonetos escolhidos II"

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Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 03/01/2010
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