A Camila

Querida, aquela noite em que eu nascia

De um ventre incauto à escuridão do mundo

Grasnou-me o corvo a horrenda melodia

Que canta-se a algum pobre moribundo.

E quis velar-me, como quem vigia

Sem ter repouso nem por um segundo

Ao projetar-me a sombra imensa e fria

Do espectro do túmulo infecundo.

Quis, por final, ver tudo preparado

Para ver triste a alma enegrecida

Que abandonara ao solitário prado

Mas esquecendo-se da luz perdida

Não pôde o abismo ter-me separado

Da flor querida que encontrei na vida.

Henrique de Castro Silva Junior
Enviado por Henrique de Castro Silva Junior em 31/07/2006
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