O Anjo
SONETO XXVI
(O Anjo)
Surges, no âmago da essência das flores,
Que florescem nas ermas estações,
Quando o frio, o medo, a fome e os canhões,
Recrudescem ao rufar dos tambores.
De tuas mãos desprende o ungüento que às dores
Traz alívio, e conforto aos corações...
Tua boca é a quintessência das poções
Que curam, na alma, escaras e tumores.
Tua voz sugere o mantra mais suave...
Teu talhe, a silhueta mais esguia,
Que insinua, seduz e me inicia
Num segredo em que só tu tens a chave.
E ainda ébrio de tua entranha macia,
Te vejo partir numa espaçonave.
Rio, 1 de Novembro de 2001