O Anjo

SONETO XXVI

(O Anjo)

Surges, no âmago da essência das flores,

Que florescem nas ermas estações,

Quando o frio, o medo, a fome e os canhões,

Recrudescem ao rufar dos tambores.

De tuas mãos desprende o ungüento que às dores

Traz alívio, e conforto aos corações...

Tua boca é a quintessência das poções

Que curam, na alma, escaras e tumores.

Tua voz sugere o mantra mais suave...

Teu talhe, a silhueta mais esguia,

Que insinua, seduz e me inicia

Num segredo em que só tu tens a chave.

E ainda ébrio de tua entranha macia,

Te vejo partir numa espaçonave.

Rio, 1 de Novembro de 2001

Antonio Sciamarelli
Enviado por Antonio Sciamarelli em 03/08/2006
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