AMOR (Luís Vaz de Camões)

Eu sei, eu sei, a regra é: não publicar texto que não seja de sua autoria. Mas como, sobretudo em Letras de Música, tá assim de gente fazendo isso, julgo-me no direito de também transgredir o figurino com este lindíssimo e insuperável soneto, do grande Camões, o maior dos poetas lusos:

Amor é um fogo que arde sem se ver

Amor é um fogo que arde sem se ver,

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente,

É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

DIMITRI
Enviado por DIMITRI em 07/08/2006
Reeditado em 07/08/2006
Código do texto: T211255