Metamorfose demasiado humana

"hoje perdoo a tudo

as faltas de ontem" (Paula Cajaty, in "Afrodite in verso")

Para a Paula Cajaty

"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades."

Falou assim Luís Vaz de Camões.

Vieira disse-o bem, nalguns Sermões.

Duvidar dessas mega-autoridades?

Um homem nunca entrará duas vezes

no mesmo rio, pois mudaram ambos.

Assim, vontades são feito os escambos

que outrora eram moedas de fregueses.

Se eu ontem falei "sim", quem saberá

se eu vou dizê-lo hoje novamente.

Posso dizer "talvez" - até um "não".

Posso mudar de ideia, enquanto há

vontades matizando o sol poente.

Posso vir rosa aberta ou em botão.