Minha serpente...

Não venha me tomar, à tristeza,

Que dela já fiz as malas e despachei.

Não venha o tempo a cobrar-me o que não sei,

Pois, que dele vivi e nele só reconheço a beleza.

De ter sabido só o que nele precisei

Como brincar com a minha incerteza

Deixando nele lançada a pureza

Do coração que sempre carreguei.

Não quero tristes, os versos postos nessa mesa,

Se neles ponho as vitórias que sonhei

E da minha vida, o verso é a sobremesa.

Que adoça a alma e apaga o que passei

Como se me desse, de presente, a natureza,

Tirar a cura do veneno que guardei.