CHUVAS DE SAL

Calou-se o vento, fez-se a noite, então
Já não respiro... Sufocantes trevas!
Meu alimento se esvaiu, paixão
O meu sonhar tu, sorrateira, levas

O rio dourado d'alegria passa
Sozinho, à margem, dele estou privado
No peito em pranto uma saudade grassa
Se acinzentou outrora verde prado

Sucumbo à dor, aguda e pertinaz
O firmamento já não me compraz
Estrelas mostram sua face opaca

Divagações no meu pensar residem
Chuvas de sal dentro dos olhos, idem
Dilacerantes como um fio de faca