Mesas do infinito

Que baste a natureza ser tão crua,

Que ao desfolhar a vida, ainda a intime,

A mendicância, ao pálido da rua,

E se surpreenda frente ao próprio crime.

O primitivo mar, desde a origem,

Na convulsão da mágoa se o sol vai,

Põe-se a chorar. E a boca, espuma virgem,

Bate nas pedras a gritar: - Meu pai!

Por mais que implore alívio do flagelo

De condenado a ver somente o dia,

O sol nunca ouvirá da noite: Ó belo!

Agora, vês a dor de um eu aflito

Servido à vida numa ceia fria,

Como fome nas mesas do infinito.

Canoas, abril de 2010/RS

Eliane Triska
Enviado por Eliane Triska em 01/04/2010
Reeditado em 06/04/2010
Código do texto: T2172161
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