soneto para aninha(ana rita galvão)

in memória

lembro seu olhar muito doce

sua ternura luminosa medica

cheia de vida e de graça você fez

da morte seu oficio e desvendava

nos corpos sem alma o percurso

da doença (e da velhice) essa formiga

que nasce conosco e nos consome (mas você

não viu a pústula o cancro com quem se casou

e tão covardemente interrompeu

sua trajetória de delicadeza e encanto)

seus poemas suas palavras seus gestos

eram maciços macios e perfumados e construíram

na família nos amigos e nos conhecidos uma cidadela

(inviolável) de lucidez suavidade e alegria

Francisco Zebral
Enviado por Francisco Zebral em 13/04/2010
Reeditado em 11/09/2019
Código do texto: T2193668
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