DOIS SONETOS

“TO BE OR NOT TO BE _THAT’S THE QUESTION” (W. Shakespeare)

(dedico a todos os amantes do soneto, mas antes peço perdão pela ousadia)

“Ser ou não ser _ eis a questão” do mundo

A se negar, perder-se em torvelinho,

Afundar nesse pântano mais imundo _

Observando as rotas no caminho.

Nessas estradas nós andamos juntos,

Lembrado-nos de ser o que não somos,

Esquecendo-nos de que somos muitos

_ Seres d’amor e luz que nunca fomos.

Sim, somos e não somos coisa alguma,

De ser gente recebida esta alcunha.

Importante questão a resolver ...

E continua séculos afora:

_ Se somos ou não somos isto d’ora

Se somos ou não somos ‘té morrer!

OBSERVAÇÃO: aceito humildemente revisão da técnica.

VERSOS ADVERSOS

Tento, por teima, sonetos compor,

Belas composições de presos versos,

Em tamanha grandiosidade imersos,

Que por mim jamais sentiram amor.

Teimo, ó soneto amado, no louvor,

E leio com fervor os mais diversos

‘Inda que a mim soem sempre adversos,

‘Demonstrem algum rasgo de furor.

Bem ou mal, sei, enfrento brava lida

Contando sons nos dedos sem cessar.

Esqueço lua, sol, gaivota e mar

Nem que de morte sangre esta ferida.

Pelicano de Musset, te ofereço

Amor eterno, corpo, alma e apreço,

Esvair-me, afinal, neste penedo.

Em troca nada peço, imploro, exijo.

Não me incomoda teu abraço rijo _

Eu te amo, sim, de ti não sinto medo!