Soneto dos amantes distantes - I

Prontos para se amar depois da briga,

Todas desculpas dadas, recebidas,

De antanho a pena morta, arrefecida,

Transamos até a mais ampla fadiga...

Por entre labaredas, minha amiga,

Nós dois, te lembras? Tua voz dormida,

Lasciva me pedia uma mordida,

Despacito, suave, tal cantiga...

Desenfreados, sem limite adscrito

À luxúria tão nossa, sem cadência

Confundimos gemidos entre gritos.

Somente nós, donos da nossa ausência

No após, talvez roçamos o infinito

desse amor que nunca exerceu prudência.

Cirilo
Enviado por Cirilo em 25/08/2006
Reeditado em 28/10/2015
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