Soneto dos amantes distantes - I
Prontos para se amar depois da briga,
Todas desculpas dadas, recebidas,
De antanho a pena morta, arrefecida,
Transamos até a mais ampla fadiga...
Por entre labaredas, minha amiga,
Nós dois, te lembras? Tua voz dormida,
Lasciva me pedia uma mordida,
Despacito, suave, tal cantiga...
Desenfreados, sem limite adscrito
À luxúria tão nossa, sem cadência
Confundimos gemidos entre gritos.
Somente nós, donos da nossa ausência
No após, talvez roçamos o infinito
desse amor que nunca exerceu prudência.