TOQUE DE ALVORECER

Enquanto mais um dia me surgia obediente

E o sol já se elevava a despedir-se do luar,

Aqui da minha janela a vida vinha mais contente!

No canto que chegava, embora triste de escutar.

Lembrança de criança ressou em minha mente...

De encontro ao concreto que não soube dissipar

O belo d'outro canto que soava diferente,

Quando tão docemente vinha a me despertar.

Soava noutros tempos na natureza preservada

Qual doce sinfonia a ecoar na imensidão...

Agora um galo rouco na cidade encarcerada,

Retumba o velho canto no concreto-solidão!

Sinais do vão progresso por mãos desumanizadas!

Um grito na alvorada a machucar meu coração.