In memoriam
Tão súbita foi a morte tua, amigo
Meu, que reside ainda em mim o espanto,
E jamais poderá calar meu pranto
O tempo, que ao passar, o torna antigo.
Quero dormir, sonhar, brincar contigo,
Viver por mais um dia aquele encanto,
Fazer deste suplício um acalanto
E acabar com a dor do desabrigo.
Demasiado triste, tão entrevinda
A notícia, o destino, o azar, a morte,
A despedida nossa inesperada.
E minha alma, há tanto agoniada,
Hoje demais, talvez não seja forte
Para o chorar que há de vir ainda.