Soneto do corno
Paciência, ó virtude inacabada
Do depois, do amanhã que nunca é tarde!
Ah! mas é tanta, quanta esta ansiedade,
Que deslinda esta prosa desolada!
Tão descuidada e desregrada a amada
Minha é, que descuidou inda da verdade.
Feriu-me com ludíbrio e maldade
Sua inocente boca amarelada.
Ela parece insossa; mas não é, não!
Toda noite desfila ela despida,
Suave e desvestida, a pele lisa,
Branca, nos braços dele... Ó coração
meu! arrebita, palpita, inda ela pisa:
Na cama juntos, faz que está dormida!