Soneto do corno

Paciência, ó virtude inacabada

Do depois, do amanhã que nunca é tarde!

Ah! mas é tanta, quanta esta ansiedade,

Que deslinda esta prosa desolada!

Tão descuidada e desregrada a amada

Minha é, que descuidou inda da verdade.

Feriu-me com ludíbrio e maldade

Sua inocente boca amarelada.

Ela parece insossa; mas não é, não!

Toda noite desfila ela despida,

Suave e desvestida, a pele lisa,

Branca, nos braços dele... Ó coração

meu! arrebita, palpita, inda ela pisa:

Na cama juntos, faz que está dormida!

Cirilo
Enviado por Cirilo em 27/08/2006
Reeditado em 28/10/2015
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