Soneto do desejo
O mundo gira a teu redor, menina,
Creio, não poderia ser distinto...
E não me falharia o instinto,
Aquele que é tão frágil, mas domina
Todo o meu ser, garota vespertina,
Que parece nasceu de ti faminto,
Sozinho, como Apolo sem Jacinto,
Lamentável esboço que abomino.
Tantas outras negaram-me carícias,
Muitas delas gastaram-me sevícias,
Mas tu, altiva, sub-reptícia e bela,
Tal animal em cio, tal cadela,
Efêmera, feroz, descomunal,
Brindaste-me desejos de animal!