Soneto de rancor

Quero que sejas triste, desolada,

Sem mim, almejo volvas miserável.

Quero encontrar-te só, inelogiável,

Ver-te, crassa, a chorar desconsolada.

Foram meus os teus sonhos, minha vida!

O amor por ti eu o sentia infindável.

Mas a paixão julgaste dispensável,

Malvada, qual demônio angelicida!

Antes dizia: Quando o fim chegar,

Batendo à porta, inexorável morte,

A ti desejarei do mundo a sorte.

Após amar-te é que tornei-me cético,

E sei ao certo que não há no inferno escárnio

Qual meu desprezo ruim, antipoético.

Cirilo
Enviado por Cirilo em 31/08/2006
Reeditado em 21/03/2012
Código do texto: T229665