Soneto de rancor
Quero que sejas triste, desolada,
Sem mim, almejo volvas miserável.
Quero encontrar-te só, inelogiável,
Ver-te, crassa, a chorar desconsolada.
Foram meus os teus sonhos, minha vida!
O amor por ti eu o sentia infindável.
Mas a paixão julgaste dispensável,
Malvada, qual demônio angelicida!
Antes dizia: Quando o fim chegar,
Batendo à porta, inexorável morte,
A ti desejarei do mundo a sorte.
Após amar-te é que tornei-me cético,
E sei ao certo que não há no inferno escárnio
Qual meu desprezo ruim, antipoético.