Fabela da Raposa e a uva
Pulava a raposa, embevecida,
sob as sombras dos cachos da videira.
Passava-se a manhã quase inteira
sem um só grão de uva consumida.
A uva insinuante, oferecida...
impávida realça a beleza.
Quanto mais a raposa a deseja
com mais beleza ainda é percebida.
A tarde cai, mas nunca cai a uva.
Nem mesmo com o vento ou com chuva,
sequer um doce bago vai ao chão.
E queda-se, a raposa, indiferente,
como quem diz pro sol, já no poente:
a lua há de fazer cair um grão.
Pulava a raposa, embevecida,
sob as sombras dos cachos da videira.
Passava-se a manhã quase inteira
sem um só grão de uva consumida.
A uva insinuante, oferecida...
impávida realça a beleza.
Quanto mais a raposa a deseja
com mais beleza ainda é percebida.
A tarde cai, mas nunca cai a uva.
Nem mesmo com o vento ou com chuva,
sequer um doce bago vai ao chão.
E queda-se, a raposa, indiferente,
como quem diz pro sol, já no poente:
a lua há de fazer cair um grão.