EXTRAVASANDO A SOLIDÃO


Ouvi passos na avenida e fui até a janela
Lá havia um seresteiro a cantar para as estrelas
Cerrei os olhos e sonhei que ele cantava pra mim
Até que adormeci e o sonho chegou ao fim.

Que pena, foi só um sonho que de repente acabou
Fiquei só com as estrelas que sequer sabem que brilham
Enquanto que às vezes nem eu mesma sei quem sou
Só existo certamente para os que não me encontraram.

Enquanto eu sigo cantando porque isto me acalenta
É como se o meu canto me adoçasse o coração
Até me esqueço que às vezes a solidão me atormenta;

Que no canto eu extravaso o que me dói aqui dentro
Deste peito que abriga um mundo de solidão
Assim vou balsamisando esse mal que não tem jeito.

Brasília, 08/06/2010