Soneto do sujeito incorrigível
Ame-a ou deixe-a, ela é mui exigente
Assim, sim, a mulher minha, enfadonha
Também; e tão medonho, sem-vergonha
Eu sempre, sem dinheiro, displicente.
Ela tenta que eu largue da aguardente,
Pede, amigavelmente, que a maconha
Também eu tente; mas eu sou beronha,
Vagabundo e bebido, tão indecente!
Perguntais: ‘O que vê ela nesse homem?’
Ah! Mas isso nem Deus acho que explica.
Talvez ela tampouco, tal qual ontem
Sem mais, ela me deu, creio, ultimatum,
Sem antes explicar que significa
Essa palavra rara, agra, incomum.