Soneto do sujeito incorrigível

Ame-a ou deixe-a, ela é mui exigente

Assim, sim, a mulher minha, enfadonha

Também; e tão medonho, sem-vergonha

Eu sempre, sem dinheiro, displicente.

Ela tenta que eu largue da aguardente,

Pede, amigavelmente, que a maconha

Também eu tente; mas eu sou beronha,

Vagabundo e bebido, tão indecente!

Perguntais: ‘O que vê ela nesse homem?’

Ah! Mas isso nem Deus acho que explica.

Talvez ela tampouco, tal qual ontem

Sem mais, ela me deu, creio, ultimatum,

Sem antes explicar que significa

Essa palavra rara, agra, incomum.

Cirilo
Enviado por Cirilo em 02/09/2006
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