Soneto da máquina de escrever
Máquina de escrever, dizem-na ‘velha’,
É de entrever, deveras é obsoleta.
Mas o poeta inspira a vez que espelha...
É larva que se torna borboleta.
Como duma menina a sobrancelha,
Dos olhos coração e porta secreta,
Tal o bom vinho de botelha
Do tempo vem herdar sua etiqueta.
Ainda é doce embora seja amarga,
Como da meretriz o coração...
O trauma do presente, a evolução!
Como a passada boemia, é marca
Do escritor novo ou velho... a inspiração
Inda aguarda, mantém, retém e abarca.