Soneto da máquina de escrever

Máquina de escrever, dizem-na ‘velha’,

É de entrever, deveras é obsoleta.

Mas o poeta inspira a vez que espelha...

É larva que se torna borboleta.

Como duma menina a sobrancelha,

Dos olhos coração e porta secreta,

Tal o bom vinho de botelha

Do tempo vem herdar sua etiqueta.

Ainda é doce embora seja amarga,

Como da meretriz o coração...

O trauma do presente, a evolução!

Como a passada boemia, é marca

Do escritor novo ou velho... a inspiração

Inda aguarda, mantém, retém e abarca.

Cirilo
Enviado por Cirilo em 08/09/2006
Reeditado em 18/02/2009
Código do texto: T235846