TRADUÇÃO

Lilian Maial

Teus versos não carecem de temperos,

nem ervas pra teus sonhos serem beijos;

teus dedos plantam flores nos canteiros

dos meus olhos arados de lampejos.

Tua fome implanta em mim a tua marca:

pecado e redenção a um só tempo;

confesso-me tentada à tua barca,

que oscila entre o abismo e o firmamento.

Não julga teus sonetos como insossos,

que a mim teu paladar de finos gostos

agrada em cheio a cada novo verso.

Pois trata de fingir que não me entendes,

que eu sei que a dor que dói é a que me sentes

e o teu pecado é o avesso do reverso.

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