Revividas Dores

Há quem maltrate a própria ferida

Para ainda mais ver derramar,

Vertido sangue,mágoa sentida,

Pretexto novo pra se lamentar.

Mas o poeta é,de si mesmo,ladrão

Quando rouba, só para se inspirar,

A paz que velava seu coração

Antes de a angústia despertar.

A morte domina,então,os sentimentos

Dessa alma em que são ressuscitados

Tão antigos e tenazes sofrimentos.

E até mesmo os versos hão de reconhecer

Que,pela dor do poeta,são vivificados

Nas tantas vezes que ele pode morrer.

Heli Paula
Enviado por Heli Paula em 10/09/2006
Reeditado em 10/09/2006
Código do texto: T237226