Revividas Dores
Há quem maltrate a própria ferida
Para ainda mais ver derramar,
Vertido sangue,mágoa sentida,
Pretexto novo pra se lamentar.
Mas o poeta é,de si mesmo,ladrão
Quando rouba, só para se inspirar,
A paz que velava seu coração
Antes de a angústia despertar.
A morte domina,então,os sentimentos
Dessa alma em que são ressuscitados
Tão antigos e tenazes sofrimentos.
E até mesmo os versos hão de reconhecer
Que,pela dor do poeta,são vivificados
Nas tantas vezes que ele pode morrer.