À Beleza

Agrada-me, amor, vossa beleza:

Imaginá-la podre e descomposta...

A carne do teu seio, quase exposta,

Fedendo-se ao sabor da natureza.

Dos lábios que beijei na singeleza

Vislumbro-os na lama assim disposta,

Enchendo-se de germens e uma crosta

De lodo em cadaverica frieza.

Mas vejo-te agora, enquanto viva,

Sorrindo-me do leito despertino

A exalar esta frescura altiva

E vem a revoltar-me o intestino

Uma náusea de escárnio convulsiva

Lembrando o teu patético destino.

Henrique de Castro Silva Junior
Enviado por Henrique de Castro Silva Junior em 12/09/2006
Código do texto: T238399
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