Soneto a Morte

Rogo o fim de minha existência, contrito sobre minha decadência

Nada mais retém minha curiosidade, sou indiferente a atroz realidade.

Perdi outrora aprazível e afortunada essência; estou preso a existência.

Imploro por essa caridade, suplico essa fúnebre liberdade.

Injuriado ou insensível a piedade, arremeto sobre mim indignidade.

Não mais seria motivo de desalento, não mais carregaria sofrimento.

Tantos defeitos, tanta incapacidade, a partida seria o fim de tamanha mediocridade.

Almejo ainda o esquecimento, de todo ser que tive ou por mim manteve sentimento.

Brado contra a verdade, pois fostes ausente em minha vida frente a constante falsidade.

Amordaçado pela tristeza vive sem eloqüência, décadas de pungente carência.

Açoitado pela apatia, desamparado dentre toda humanidade, revelo na vontade alguma essa insensibilidade.

A incompreensão em minha vida tornou-se referência, pré-julgamentos, como preconceitos determinaram essa evidência.

Valorado pela alheia frivolidade, sofro solitário aos olhos desta sociedade.

Descontente e encolerizado por essa medonha influência, encaro essa vida como penitência.

Vinícius Vanir Venturini
Enviado por Vinícius Vanir Venturini em 25/07/2010
Código do texto: T2398103
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