Consoante

De onde vem o tempo, esse escoar tão lento,
que engole as horas todas, de forma tão voraz,
e deixa no seu rastro um simples desalento,
com toda indiferença que tanto lhe apraz?

Quem engole o meu sonho, rouba meu momento
e, sem nenhum respeito, logo se desafaz
da breve captura, da espera, o tormento,
enquanto ainda se vive a busca pela paz?

O cisco de uma estrela viaja, sem cessar,
e cai na atmosfera, onde se incendeia,
enquanto se consome, iluminando o ar.

Estranha sensação, o ver-se preso à teia;
inútil debater... Difícil, questionar
a vida, a natureza — e tudo que a permeia.


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