INVERNO

A chuva e o frio... O frio... O tempo é feio...

Meio mortas as ruas... Encolhidas

Em si mesmas percorrem avenidas,

Ruas, vielas as pessoas. Creio

Que andam gélidas, sem força e meio

De aviar-se nos passos, confundidas,

Entre ir ou voltar, fracas, vencidas,

Sem gozo e sem vontade... Eu temo e odeio

O inverno, um tempo morto, enrijecido,

Sem luz e inspiração, tempo doído,

Quando a cigarra encolhe penitente.

Agora muda o tempo, o sol tristonho,

Porque é outono, opaco igual ao sonho

Que se desmancha em si e simplesmente.