Soneto de quem não deseja dormir!
Eu não quero dormir, não essa noite
Que se a morte chegar, ela me encontre assim
Do coração nada mais me resta
Partiu-se no infinito que no finito do amor encontra fim!
Ao deitar-me, lembrar-me-ão meus olhos de olhar-te
De olhar-te por dentro... que só te lê meu olho
Não posso dormir, tampouco deitar-me
Dessas imagens de letras, de tantas letras que me é escrolho!
Não, a dor há de possuir-me quando ao deitar
Hei de lembrar das palavras lidas na tela que me fazia nascer
Hei de chorar-te porque de nada mais vale o não chorar!
E se na terra só posso a mim me ver padecer
É que não deito! Pois se deito no leito que está a escutar
De certo haverá de a morte, de mim penosa, me fazer morrer!