Soneto de quem não deseja dormir!

Eu não quero dormir, não essa noite

Que se a morte chegar, ela me encontre assim

Do coração nada mais me resta

Partiu-se no infinito que no finito do amor encontra fim!

Ao deitar-me, lembrar-me-ão meus olhos de olhar-te

De olhar-te por dentro... que só te lê meu olho

Não posso dormir, tampouco deitar-me

Dessas imagens de letras, de tantas letras que me é escrolho!

Não, a dor há de possuir-me quando ao deitar

Hei de lembrar das palavras lidas na tela que me fazia nascer

Hei de chorar-te porque de nada mais vale o não chorar!

E se na terra só posso a mim me ver padecer

É que não deito! Pois se deito no leito que está a escutar

De certo haverá de a morte, de mim penosa, me fazer morrer!

dhália
Enviado por dhália em 18/09/2006
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