QUE QUER O VENTO ?

Nem sempre o vento leva corpos esvoaçantes

Às vezes o que quer é tornar os mudos em falantes

Levar pólen, plumas soltas, folhas, idéias e brisa.

A descida é íngreme, perigosa e cheia de surpresas

O destino um corredor cavado nas carnes da terra

Um sulco desenhado na pele pela língua molhada

Desfiladeiro onde as almas em coro, cantam jubilosas.

Indescritível rugir das águas, véu de noiva se derramando

Em cascatas, marcando no encontro com a luz, o “arco-íris”

Seiva abundante a escorrer das entranhas sobre a superfície.

Em carinhosa visão mágica da Ossun na pedra chorando.

Por trás desta cortina cristalina e líquida se esconde a alma

Como se isso bastasse para resguardá-la tal qual tesouro

Imune ás intempéries, aos olhos cobiçadores, aos amores.

A luz que emana das águas colore o ar de azul e dourado

O espelho na mão refletiu vaidades além do despenhadeiro

Na Távola, onde o Zero é depois do nove, e completa o um.