Soneto de paixão como deserto das vontades
A paixão, cega errante, não me pertence
Ela me deixa esquivada de mim
A paixão, de todo em tudo não consciente
De ser deserto onde a vontade encontra fim!
A paixão é um deserto onde me perco e desterro
De um perder tão perdido que já me chamam louco
E vou me entregando e sem entregar-me de todo me entrego
E nem sou cautelosa para entregar-me de pouco em pouco!
A paixão é o deserto da vontade
Onde minha vontade de não sentir repousa
A paixão me rouba tão longa idade...
De habitar-me tal parasita ousa
A paixão ser deserto da forte vontade
Onde minha vontade de só senti-la me pousa!