Deixem-me Só

Bailam em meu quarto espectros miseráveis,

Pulam, gritam, falam frases embaralhadas.

Ora choram, ora dão doidas gargalhadas;

Suas vozes são palavras indecifráveis.

Ah, esses malditos seres indesejáveis

Que aparecem aqui todas as madrugadas.

Despertam-me com sonoras batucadas

E ficam fazendo algazarras intermináveis.

Assim, lentamente, vou me pondo louco,

Pois sem repouso meu corpo vai se enfraquecendo

Tanto, que, logo tornar-me-ei ao pó.

Fantasmas, fantasmas voltem lá pro inferno

E façam lá seus bacanais por tempo eterno:

Xô fantasmas, por favor, deixem-me só!...

Roberto Jun
Enviado por Roberto Jun em 04/10/2010
Reeditado em 30/05/2014
Código do texto: T2536546
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