BORBOLETA ESCRAVA

Mortificado de saudade e tédio

Busquei o campo onde as mimosas flores

Poderiam trazer-me algum remédio

Para curar terrível mal de amores.

Pedi à borboleta que, em assédio,

Agitava a florada de mil cores,

Que fosse ao meu amor, por intermédio

De suas lindas asas multicores,

E lhe dissesse o quanto eu soluçava

Pelo desprezo e solidão cruéis

A que, essa ingrata, assim me condenava.

E o inseto em seus volteios infiéis

Foi para os ares – borboleta escrava!-

E nunca mais voltou para os vergéis!

Salé, 2002