Digressão

Digressão

Meu alimento foi o tempo brotado

dos anos a tramar ao vento equilíbrio

entre a fome a catar os restos do espelho

e o fastio do reflexo de um último beijo.

A razão, então completa desconhecida,

passou a distrair, com idéias pequenas,

a atenção, em perpétua reticência

à espera de distante fortuna alheia.

Hoje preciso apenas de uma estante

para esconder os versos do abandono

e de uma escrivaninha formosa e oblíqua

para compor meus despojos mediatos.

Só após pesar lembranças e desencantos

direi com certeza, amor, se ainda te amo.

Adriano Dal Molin
Enviado por Adriano Dal Molin em 24/10/2010
Reeditado em 24/10/2010
Código do texto: T2575364
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