QUATRO SONETOS
               QUATRO POETAS


TEMA POÉTICO : MEMÓRIAS

POR JACÓ FILHO, ARÃO FILHO, KNZ  E ELEN NUNES


 "MEMÓRIAS".   

                                 Jacó Filho
                                 Lorena-SP


Quando lembro quem fui, e  sinto inveja,
Acende o alerta quanto ao meu presente...
Mesmo não sendo as memórias ardentes,
Por alguma crise, a minh’alma atravessa...
 
Confesso-me surpreso por tanta ousadia,
Que tive até ontem, mas o tempo sufoca...
Mas vezes por outras é quem me reboca,
Até na inspiração que termina em poesia...
 
Lembro dos valores, que nos nortearam,
E os vejo demolidos, por quem devia dar,
Exemplo a nação, que se põe a governar...
 
Recordo as famílias e como me criaram...
Tento passar pros filhos, para preservar,
As relíquias vividas e que não vão voltar...

 

MOSAICO

                                        Arão Filho
                                      São Luís- Ma

Um bando de andorinhas voa ligeiro,
Acima do arvoredo, ao céu esgalhado,
Até parece este tempo passageiro
Se despedindo, me deixando de lado...

A brisa é a mesma que me perpassa
Desde outrora, nas vagas das horas
E o véu da minha juventude e graça
Vai se desmanchando e indo embora...

Passam os dias, voando, em procissão,
Deixando na alma as marcas, a emoção,
E um compêndio sem fim de histórias...

Voam os dias e com as andorinhas vão
Os remendos da minha vida e coração
Tentando criar o mosaico das memórias...

  



SE
                                            KNZ
                                        Magé-RJ

Se o que pretendes é esquecer-me, esqueça!
Liberta-me de tua alma e do teu peito.
Não serei mais a sombra do mal feito,
que voa monstruosa sobre tua cabeça.

Se queres anoitecer-me, anoiteça!
Deixe comigo este amor imperfeito,
pela escuridão de um futuro desfeito,
muito antes que a solidão me adormeça.

A madrugada fria é só desencanto.
Beijo a velha rosa...Fere-me o espinho...
Ensurdeço  o silêncio com meu canto.

Se o futuro reescrever teu caminho,
preserva na memória o meu pranto,
sem se importar se eu chorar sozinho.


 

AH... MEMÓRIAS...

                                       Elen Nunes
                                       Niterói-RJ

Na vida que tracei tão mal traçada,
em desenhos confusos, esquecidos...
Conservei os sofrimentos mais sofridos,
colhidos ao sabor da madrugada.

Andei por alamedas desterradas...
Fui ao ápice das paixões inconsequentes,
confessei ao mundo as dores existentes,
gritei sob as paredes mal tratadas.

De sorriso sobrou-me muito pouco.
Do passado restaram as lembranças,
o impulso que conduz às esperanças.

Tranquei minhas memórias. Calabouço!
Há livro acinzentado que não leio.
Dei novo tom à vida. Devaneio!

 
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Belas interações dos amigos. Um desfile de talentosos Poetas. Somos infinitamente gratos.

Memórias

Dos tempos de criança, a imaginação,
sem importar se éramos ricos ou pobres:
éramos heróis! Medo, só de assombração...
Afinal, nós todos, éramos tão nobres...

Às vezes, se sozinhos, nada era igual.
Quando caia a noite, nas mãos o penico;
como a valentia tinha ficado no quintal,
para dormir, na boca, sobrava o bico.

Nada frustrava as nossas esperanças.
Entre sonhos, mesmo ainda de crianças,
caminhávamos rumo ao nosso destino.

Hoje, as emoções são tão diferentes...
Não diria que então, sejamos descrentes;
apenas que a vida, nos leva em desatino...

                                Oswaldo Genofre.


  


Lembranças desbotadas

Soterradas lembranças desbotadas,
Sem odor nem o brio amanhecido,
Como fosse um exército calado,
Destemido porém sem desafios.

Minhas vontades encontram-se fieis,
Mas demandam outorgas alienadas,
Quando perdem-se das mãos o carretel,
Quase sempre sua linha é extraviada.

Como podes me ceder este algodão,
Resultando o imenso fio condutor,
Refazendo velhos caminhos do amor.

Sem ranço me deixo em correnteza,
A levar-me pela clareza do relâmpago,
Deslumbrado aguentarei aos solavancos.

                                      Miguel Jacó


    

MEMÓRIAS

São tantas, resguardadas, as histórias
dos amores sonhados e vividos,
que me enredo no enredo das memórias
para evocar amores esquecidos.

Dos fingidos fugi das trajetórias,
despedi-me de amores despedidos,
e, descrido de imagens ilusórias,
aprimorei dos sonhos os sentidos.

Hoje, à minha memória dou valor.
Faço testes mentais, quando preciso,
pela voz, pelo cheiro, pela cor.

Olho nos olhos, prendo-me ao sorriso,
abraço, beijo a boca e, sendo amor,
guardo o retrato, anoto e memorizo!

                                              Oklima


    



Elen Botelho Nunes
Enviado por Elen Botelho Nunes em 29/10/2010
Reeditado em 29/10/2010
Código do texto: T2585183
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