Soneto do Cálice

Querem meu semblante morto, minha humanidade

e sensibilidade à súplicar por piedade.

Querem somente a casca e o oco,

enquanto vende e exporta.

Acordo sob bombardeio ferrenho,

sou judeu e escuto sirenes, não gosto delas.

Acordo e em minha boca está um cálice

embebido de palavras voluptuosas: "Beba, meu bem, e cale-se!"

Sinto-me dopado, alheio a tua ilusão mórbida

aonde não posso me defender dos teus olhos ensoberbecentes

que dizem, vociferam e sussurram ao mesmo tempo: "Cale-se"

Mas tão inocentes, tão estagnados, pois não sabem

que o coração livre atiça-se ao ouvir tais insolências

e morde a mão que segura o cálice e responde: "Jamais!"

Hyosuke
Enviado por Hyosuke em 30/10/2010
Código do texto: T2587796
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