Soneto do cotidiano

(ou 'Métro, Boulot, Dodo')

Suado no subsolo de São Paulo,

São sessenta minutos ao destino:

'Consolação!', ouço soar os sinos,

Ah, maldito metrô! cheguei ao trabalho...

Senta, cada macaco no seu galho;

Tenta lembrar que o filho quer ensino;

Inventa estrelas de escritório, atalhos...

Agüenta, amanhã serás grã-fino.

Os dias, que não vejo nem passar,

Passam indiferentes a essa ausência;

Não é mais imarcescível o sonhar.

A próxima parada: o cemitério!

Já entreguei meus sonhos à opulência

Desse cotidiano sem mistério.

Cirilo
Enviado por Cirilo em 09/10/2006
Reeditado em 18/02/2009
Código do texto: T260462