Soneto de não-amor

Acostumei-me à amores impossíveis

De modo que o não-amor já me conhece

Acostumei-me à essa dor tangente

Que mesmo em dor já me apetece

Acostumei-me à esse amor breve

Que me enforca o pescoço e tira respiração...

Acostumei-me ao não-amor

Que já em amor de todo me tira razão

Abraço o não-amor como quem abraça um filho

Eu o conheço e já me dou como louco

E é penitência onde me ponho de joelhos em milho...

E vivo assim, deste mau amor solto

Que não da certo o amor e me maravilho

Com a certeza do não-amor, do amor pouco!

dhália
Enviado por dhália em 09/10/2006
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