Soneto de não-amor
Acostumei-me à amores impossíveis
De modo que o não-amor já me conhece
Acostumei-me à essa dor tangente
Que mesmo em dor já me apetece
Acostumei-me à esse amor breve
Que me enforca o pescoço e tira respiração...
Acostumei-me ao não-amor
Que já em amor de todo me tira razão
Abraço o não-amor como quem abraça um filho
Eu o conheço e já me dou como louco
E é penitência onde me ponho de joelhos em milho...
E vivo assim, deste mau amor solto
Que não da certo o amor e me maravilho
Com a certeza do não-amor, do amor pouco!