Soneto do profundo desamor

Do amor morreu-se a prosa, fez-se o verso,

Dos ouvidos desbotou-se o som,

Do instante atento, o tempo disperso

Fez do sofrer alheio um dom.

Este amor, estação do quando,

É um sentimento profundo que não sente,

É uma crença concreta e descrente,

É um gostar que gosta desgostando!

Este vulto que me despega a alma,

Esta força que na mão se espalma,

Tudo me tem nesta falta de ter,

Tudo me perde neste apego ao desprender!

Gabriel Calixto
Enviado por Gabriel Calixto em 17/10/2006
Código do texto: T266832