Sem precaução

Ensinaste-me a arte de fingir

De camuflar a minha alma em defesa

De sentimentos que mantêm sua beleza

Mesmo que a dor, sempre insista, em os ungir.

Ensinaste-me, a, superficialmente, agir,

De maneira tal, que nunca deixe a certeza

Estampada no que ponho sobre a mesa

Onde sirvo, bem discreto, meu sentir.

Num tempo breve me legaste tanto ensino

Que achei-me ingênua pela vida que já tive

E que, no entanto, pouco dela aprendi,

Tantos esforços e atenção eu despendi

E hoje, só sei, que nas escolas em que estive

Não me ensinaram a precaver-me do destino.