Amar demais - IV e V

IV

Quê te confunde o coração, te lembras?

– 'Quando fizeste isto com aquilo', dizes,

– 'Ó, naquela época éramos felizes!'...

Revives, mentirosa: tu não lembras!

As dores de cabeça já são crises.

Teu corpo não me entrega nem as sobras

E se para evitar-me te desdobras,

Prefiro então dormir com meretrizes!

Mulher ingrata, insatisfeita, tola!

Me desgosta até olhar a tua cara!

Devolva-me essas pratas e argolas!

Vou esquecer que cruzaste minha vida,

Vou olvidar que qualquer dia te amara

E que uma vez chorei na despedida.

V

E que uma vez chorei na despedida

Recordo-me, e repenso essa injustiça

Que são tantas sandices proferidas

No vil calor que ao ódio a briga atiça.

Ó vida minha! Por favor esqueça

O que não quis dizer, as malnascidas

Palavras desta boca mal parida,

Que fazem desejar que me arrefeça.

AH mulher, me desculpa; não és ingrata

Nem és maldita, tola ou mentirosa.

Sou eu a detestável e mais vil barata.

Sei que mereço o mais cruel castigo.

Por isso peço sejas piedosa

E saibas perdoar teu amante e amigo.

Cirilo
Enviado por Cirilo em 18/10/2006
Código do texto: T267514