Ferdinando
Peçonha sem triaga nas lágrimas delirando
Nos lábios mudos o sangue do desacordo
Uma boca hiante seca a chaga explorando
Na teimosia de Hera um único acordo.
Obituário infernal do amor esperando
A estátua de mármore de traço gordo
A treva ciosa da fera desmoronando
Pedra medra a queda leda do lerdo.
Depressa a espessa nuvem nessa dor
Acerbo amor do rumor que se perde
Vivas noites quentes de um dosador.
Das feras carnívoras o uivo que pede
O sangue dos inocentes ao derredor
Mancha negra na tez deste vil amor.