Epílogo (ou Confissão)

Caro leitor, confesso que menti...

Peço-lhe que releia meus sonetos

Com a atenção, cinismo e desafeto

Próprio dos gregos Sinope ou Antístenes.

Jamais lhe fui sincero por completo,

Amigo, na verdade não sofri

Nem um pouco de amor: nunca o vivi...

Advirto-lhe, há ficção em cada verseto.

Um aviso ao leitor que é duvidante,

Você que ora lê e diz, 'tinha razão!':

Duvide inda da dúvida - e bastante!

E aos que forem propensos à sermoa

E da raiva lhes surja indignação,

Cito-lhes Mestre Fernando Pessoa:

"O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente."

(Autopsicografia, Fernando Pessoa)

Cirilo
Enviado por Cirilo em 26/10/2006
Reeditado em 12/03/2014
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