Epílogo (ou Confissão)
Caro leitor, confesso que menti...
Peço-lhe que releia meus sonetos
Com a atenção, cinismo e desafeto
Próprio dos gregos Sinope ou Antístenes.
Jamais lhe fui sincero por completo,
Amigo, na verdade não sofri
Nem um pouco de amor: nunca o vivi...
Advirto-lhe, há ficção em cada verseto.
Um aviso ao leitor que é duvidante,
Você que ora lê e diz, 'tinha razão!':
Duvide inda da dúvida - e bastante!
E aos que forem propensos à sermoa
E da raiva lhes surja indignação,
Cito-lhes Mestre Fernando Pessoa:
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."
(Autopsicografia, Fernando Pessoa)