FERROS, FARPAS E TRAMAS

Eu levo porradas e sovas de ferro,

que tingem de chagas da pele até a alma.

Procuro esquivar-me com pulos e berro,

mas eles insistem, macabros, no trauma.

E sangram as marcas de farpa na palma,

a vida num pranto, esquecida em desterro,

e me atam a teias com gélida calma,

enquanto preparam, cruéis, meu enterro.

Amargo o violento e terrífico drama

nas vezes que falho na intérmina guerra

e a gente ilibada voraz me descama.

E aos poucos sucumbo nos fios da trama,

porque não entendem que este homem, o que erra

é o mesmo que ampara, que afaga, é o que ama.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 24/01/2011
Reeditado em 26/09/2017
Código do texto: T2748544
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