FERROS, FARPAS E TRAMAS
Eu levo porradas e sovas de ferro,
que tingem de chagas da pele até a alma.
Procuro esquivar-me com pulos e berro,
mas eles insistem, macabros, no trauma.
E sangram as marcas de farpa na palma,
a vida num pranto, esquecida em desterro,
e me atam a teias com gélida calma,
enquanto preparam, cruéis, meu enterro.
Amargo o violento e terrífico drama
nas vezes que falho na intérmina guerra
e a gente ilibada voraz me descama.
E aos poucos sucumbo nos fios da trama,
porque não entendem que este homem, o que erra
é o mesmo que ampara, que afaga, é o que ama.