VELHA MOCIDADE
Uma mulher caída na calçada
E todos rindo ao seu redor — ingratos! —
Como desocupados, insensatos,
Que do futuro não esperam nada.
Ninguém foi ver. Estavam abstratos.
A mulher não precisa ser tocada
Até que o rabecão limpe a calçada,
Com máscaras e luvas, sem contatos.
Ninguém soube quem foi essa mulher:
Se foi “alguém” ou foi uma qualquer,
Ninguém se lembra dela... é uma verdade.
Ara! Mas que cruel! Que amarga vida!
Essa mulher foi boa, foi querida!...
Pois era a minha própria mocidade!