VELHA MOCIDADE

Uma mulher caída na calçada

E todos rindo ao seu redor — ingratos! —

Como desocupados, insensatos,

Que do futuro não esperam nada.

Ninguém foi ver. Estavam abstratos.

A mulher não precisa ser tocada

Até que o rabecão limpe a calçada,

Com máscaras e luvas, sem contatos.

Ninguém soube quem foi essa mulher:

Se foi “alguém” ou foi uma qualquer,

Ninguém se lembra dela... é uma verdade.

Ara! Mas que cruel! Que amarga vida!

Essa mulher foi boa, foi querida!...

Pois era a minha própria mocidade!

Lucan
Enviado por Lucan em 30/10/2006
Código do texto: T277450