Divindade
Não quero nem saber das mazelas do mundo,
Tampouco a mim importa quem comeu o ovo,
Menos ainda, se sabe o pato subir ao muro...
Vou partir do zero! Quero tudo zero de novo!
Primeiro passo: Nunca mais serei profundo,
Mover-me-ei soturnamente, qual o corvo,
Desprezarei todo outro ser, como um estorvo,
E deixarei assim, por fim, de ser fecundo...
Novo ser haverá em mim, enfim, perfeito...
Sem emoção alguma a angustiar-me o peito
Serei, finalmente, o titã que nada medra!
O deus inerte! O senhor do desproveito!
Reinando sobre os despojos do mundo desfeito,
Elevado ao status de vil deidade de pedra...