FIM

Ai, arrancas de mim todo o resto de viço,

aumentando o pesado de meu férreo fardo

e desatas teu laço, que outrora inteiriço,

adornava em vermelho meu sonho de bardo.

Tu cobrias com sedas o meu compromisso

de manter para sempre este amor felizardo,

maciez que me fez entregar-te, submisso,

minhas rédeas, a meta, estrutura, meu dardo.

E sugaste, sutil, aos pouquinhos, o extrato

deste amante que assiste ao cruel desbarato

de um bonito projeto em luzente harmonia.

Hoje tu me arrefeces com teus olhos baços,

te sufocas se tomo-te em mim, em meus braços,

só o instinto nos liga, em libido arredia.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 07/02/2011
Reeditado em 21/12/2014
Código do texto: T2776979
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