Liberdade - Por/para Carlos Marighella (revisado)
Expondo minha poesia que tanto estimo
Mas que por certo não faz sombra ao teu brilho
Tua vida e tua luta emergem do ostracismo
Para construir um Brasil liberto, e não libertino
Te fizeram prisioneiro, aos 18 anos, ainda menino
Em represália a teu poema contra o desatino
De ver teu povo subserviente, entregue ao conformismo
Conclamando-o à resistência e ao resgate do seu brio
Te acusaram de terrorista, pois que eras um empecilho
À democracia de bravatas, da direita e do fascismo
No arcabouço das elites, o dogma do imperialismo
Te fizeste Marighella, poeta e revolucionário imbatível
Resistindo à tortura sobre o teu corpo desvalido
Crivando para sempre na história, o teu nome e o teu mito!
cacaubahia
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Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.
Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.
São Paulo, Presídio Especial, 1939.
Carlos Marighella
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" Quando te vestiram de lama e sangue, quando pretenderam te marcar com o estigma da infâmia, quando pretenderam enterrar na maldição tua memória e teu nome.
Para que jamais se soubesse da verdade de teu gesto, da grandeza de tua saga, do humanismo que comandou tua vida e tua morte.
Escreveram a história pelo avesso, para que ninguém percebesse que eras pão e não erva daninha, que eras vozerio de reivindicações e não pragas, que eras poeta do povo e não algoz.
Retiro da maldição e do silêncio e aqui inscrevo teu nome de baiano: Carlos Marighella. "
Jorge Amado
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Em seu enterro não havia velas:
Como acendê-las, sem a luz do dia?
Em seu enterro não havia flores:
Onde colhê-las, nessa manhã fria?
Em seu enterro não havia povo:
Como encontrá-lo, nesta rua vazia?
Em seu enterro não havia gestos:
Parada e inerte a minha mão jazia
Em seu enterro não havia vozes:
Sob censura estavam as salmodias
Mas luz e flor e povo e gesto e canto
responderão "presente", chegada a primavera
mesmo que tardia!
Ana Montenegro
Berlim, outono 1969
"Uma singela homenagem a um grande brasileiro que dedicou toda a sua vida na luta pelas desigualdades sociais e soberania do Brasil e de seu povo.
Em momento oportuno, voltarei a publicar mais fatos da vida desse grande brasileiro, contribuindo assim para registrar - principalmente às novas gerações, um pouco da história do Brasil."