AS CINAZAS ATÉ QUANDO?

"Amor é fogo que arde sem se ver

É ferida que dói e não se sente;

É contentamento descontente”;

Luiz de Camões

Se foi “contentamento desconte”

O amor que tu sentistes, minha amiga,

Foi chama, foi calor, foi fogo ardente,

O que vivi contigo e ainda me instiga.

“Ferida que não dói”? Pois simplesmente

A que se abriu em mim foi uma viga

Que desabou no peito quando a gente

Se separou minha prezada amiga.

Bem no fundo do peito lacerado,

Eu vi arder o fogo e o vi queimando

O coração. Meu erro e meu pecado

Foi ter sonhado alto. Ainda que brando

O fogo vive... Cinzas do passado...

E as cinzas viverão. Mas, até quando?